Presídio de João Pinheiro tem 200 detentos confirmados com Covid-19

Presídio de João Pinheiro tem 200 detentos confirmados com Covid-19
Foto: Welington Ney/Arquivo pessoal
Presídio de João Pinheiro tem 200 detentos confirmados com Covid-19

Segundo Sejusp, 199 estão assintomáticos ou apresentam sintomas leves; um está internado. Familiares manifestaram na porta da unidade; prefeito falou sobre situação na cidade.


Duzentos detentos do Presídio de João Pinheiro I, no Noroeste de Minas, testaram positivo para Covid-19 e estão em alas de isolamento.

A informação foi confirmada nesta sexta-feira (31) pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG).

Durante a manhã, familiares foram para a porta da unidade prisional manifestar e pedir informações. O Estado disse que a direção-geral do presídio fez contato para informá-los sobre a situação dos presos.

O G1 conversou com o prefeito da cidade, Edmar Xavier Maciel, que informou sobre os testes feitos com os detentos e reforçou que dois enfermeiros do Município estão acompanhando os casos.

Conforme boletim municipal, João Pinheiro tem 211 registros de moradores da cidade com coronavírus, além dos 200 casos no presídio. Já segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde em Minas Gerias (SES-MG), são 260 casos e nenhum óbito confirmado pela Covid-19.


Quarentena

De acordo com a Sejusp, 199 estão cumprindo período de quarentena dentro da unidade prisional, acompanhados pelas equipes de saúde da unidade e por um médico cedido pelo município. Os 199 estão assintomáticos ou apresentam sintomas leves da doença.

Foi confirmado também que um detento que está internado como medida de precaução, pois possui comorbidades. Ele passa bem.

O Estado divulgou, ainda, medidas tomadas no sistema prisional, incluindo João Pinheiro, em relação ao combate à pandemia (veja abaixo).

Testes

Segundo o prefeito, foram feitos pela Prefeitura cerca de 300 testes com presos durante a semana. Ele contou que os agentes penitenciários também estão fazendo testagem, mas ainda não tem resultado.

    "Fizemos o teste em um albergado e deu positivo. Então tivemos informações que tinham pessoas com sintomas dentro do presídio. Na segunda-feira, dos 80 exames aplicados, 73 confirmaram a Covid-19. Decidimos fazer em todos os presos e confirmamos 200 casos", disse Edmar Xavier Maciel.

Ele também explicou que, na cidade, os casos estavam subindo de forma lenta e que estavam controlados, mas no presídio descontrolou. "Nossa preocupação é com as unidades de saúde. Dos 200 presos infectados, um está internado no Hospital de João Pinheiro, na ala específica para pacientes com coronavírus".

Ainda segundo Edmar, uma médica da Secretaria de Saúde está acompanhando a situação e dois enfermeiros estão dentro do presídio para monitorar e não deixar se agravar.

O G1 perguntou para a Sejusp qual o número total de detentos dentro do presídio. Foi informado que a capacidade da unidade é de 194 presos, mas, por questão de segurança, a lotação não é informada.


Alas isoladas

Segundo a Sejusp, as alas em que os detentos se encontram foram isoladas, desinfectadas e todos servidores e demais presos do local usam máscaras de forma preventiva. Transferências da unidade estão suspensas.

Ainda conforme o Estado, o Presídio de João Pinheiro I segue sendo acompanhado com prioridade pelo Depen-MG.

"A situação da unidade tem sido debatida duas vezes por dia em conjunto com outras instituições que trabalham diretamente com o sistema prisional mineiro, como o Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública", diz a nota.

Medidas no presídio

A Sejusp informou as principais ações que estão sendo realizadas para prevenir e controlar a disseminação do coronavírus nas unidades prisionais de Minas Gerais, que também se aplicam ao Presídio de João Pinheiro I:

Unidades portas de entrada: Foi adotado um modelo pioneiro no país de circulação restrita de detentos no período de pandemia, classificado como referência pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Para evitar a contaminação por novos presos, foram criadas 30 unidades de referência, distribuídas em todo o território mineiro, que funcionam como centros de triagem e portas de entrada para novos custodiados do sistema prisional.

Todas as pessoas presas em Minas Gerais estão sendo encaminhadas para uma unidade específica em cada região e ficam, pelo menos, 15 dias, em quarentena e observação, evitando possível contágio caso fossem encaminhadas de imediato para outras unidades. Após a observação e atestada a sua saúde, são encaminhadas para as demais unidades prisionais do Estado.

Suspensão das visitas: Para evitar a disseminação do vírus por meio de contato com o público externo, as visitas foram suspensas, para diminuir a circulação de pessoas externas, assim como a entrega, até então opcional, de kits suplementares contendo alimentos, remédios entre outros itens, para evitar a circulação de materiais contaminados. Destaca-se que esses itens continuam sendo fornecidos pelas unidades prisionais e recebidos, ainda, via Correios. Todos os kits enviados por meio postal são inspecionados, por questões de segurança, e estando em conformidade com a legislação, são entregues aos presos.

Cuidados com quem já está preso: No caso de presos que já se encontram no sistema prisional, caso apresentem sintomas da covid-19, o protocolo é o seguinte: isolamento imediato, realização de exames e, em caso de confirmação, tratamento segundo protocolo da área da Saúde. Em todas as unidades em que há presos com covid-19 confirmados, a desinfecção do ambiente também é imediata e todos os demais detentos passam a usar máscaras, de forma preventiva.

Evitar o contágio via profissionais de segurança: Imprescindíveis para a segurança das unidades, os profissionais estão com as escalas de trabalho dilatadas, de forma a diminuir a circulação desses servidores intra e extramuros.

Evitar a circulação de presos para realização de audiências: Foram instalados equipamentos para a realização de videoconferências judiciais em todas as unidades prisionais que estão, aos poucos, se adaptando para uso dessa ferramenta. Com isso, evita-se o deslocamento da maioria dos presos para o ambiente extramuros e diminui-se o risco de contágio pelo coronavírus. Já foram realizadas mais de 3 mil videoconferências judiciais neste período de pandemia - uma parceria com o Poder Judiciário que deve se estender no período pós pandemia por resultar em ganhos positivos para todos os atores envolvidos.

Contato com as famílias: Com a suspensão das visitas, necessária para contenção do vírus, os familiares podem ter contato com seus parentes de três formas: por meio de cartas (ação prevista para todas as unidades e com média de 35 mil recebimentos por semana), ligações telefônicas (cujo número é diferente em cada unidade e deve ser fornecido pelo presídio ou penitenciária; a média semanal é de 15 mil ligações realizadas) ou videoconferências nas unidades em que essa tecnologia já está disponível. Mais de 72% das unidades prisionais já realizam visitas familiares por videoconferência.

Limpeza geral e desinfecção de ambientes: As áreas estruturais como celas, pátios, áreas administrativas e técnicas, portarias, guaritas e, também, veículos estão passando por higienização reforçada, semanal, durante a pandemia. A ação é simultânea e sempre as terças-feiras em todas as 194 unidades do Estado.

Máscaras e EPIs: O sistema prisional está produzindo máscaras para uso nas próprias unidades e segurança de todos. No interior das unidades prisionais já foram produzidas 3 milhões de máscaras por custodiados. Todos os servidores são obrigados a circular no interior das unidades de EPIs e, a eles, este material é fornecido sistematicamente. Os presos também utilizam máscaras quando estão com algum sintoma suspeito ou quando pertencem a alas ou pavilhões onde outro detento foi testado positivo para a doença.


Foto: Welington Ney/Arquivo pessoal
Por Vanessa Pires e Rodrigo Scapolatempore, MG1 e G1 Triângulo e Alto Paranaíba