Tragédia de Mariana: impasse sobre indenização bilionária suspende negociação de acordo

Segundo o Ministério Público Federal, mineradoras ofereceram valor "bem abaixo" do cobrado para reparar os danos

Tragédia de Mariana: impasse sobre indenização bilionária suspende negociação de acordo

Barragem de Fundão se rompeu, em 2015 Antonio Cruz/Agência Brasil (8/11/2015) A negociação do novo acordo bilionário para reparação de danos causados pela tragédia de Mariana foi suspensa, nesta terça-feira (5), data em que o rompimento da barragem da Samarco completa oito anos e um mês. Segundo o MPF (Ministério Público Federal) e o Governo de Minas, a suspensão ocorreu devido ao impasse com as mineradoras em relação ao valor que deverá ser pago. A expectativa é que a negociação fosse selada hoje, mas Vale, BHP e Samarco não teriam atendido ao calendário para uma nova proposta financeira. O TRF-6 (Tribunal Regional Federal da Sexta Região) alega que a suspensção foi adotada devido à "proximidade do fim de ano e do recesso forense". • Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp • Compartilhe esta notícia pelo Telegram • Assine a newsletter R7 em Ponto Conforme apurado pela reportagem, o poder público pede quase R$ 126 bilhões, enquanto as empresas teriam oferecido R$ 42 bilhões, um terço do valor. Uma reunião para tratar sobre o montante iria acontecer nesta quinta-feira (7). O encontro foi cancelado. Segundo o TRF-6, as novas rodadas serão agendadas para o início de 2024, mas as datas não foram definidas. "Nesse estágio adiantado em que as conversas estão, acredito que isto equivale ao fim da repactuação", avaliou o procurador da República, Carlos Bruno Ferreira da Silva. "A gente deixou muito claro, por várias razões, que o valor [proposto pelas empresas] era impraticável. Destacamos que só valeria a pena continuar com as reuniões com uma nova proposta das empresas, que seria apresentada no dia 7", completou o representante do MPF, ao reforçar que as empresas têm condição financeira capaz de arcar com o valor solicitado. Veja também Minas Gerais Distrito rural levado pela lama da Samarco é reconstruído com ares de condomínio de luxo vigiado Minas Gerais Lei aprovada no Congresso fixa direitos para atingidos por barragens Minas Gerais Duas cidades de MG vão ser ressarcidas por usina que parou com lama da Samarco O Governo de Minas, parte da ação, reforçou que as mineradoras propuseram valores que não seriam suficientes para reparar todos os danos. "Infelizmente, as empresas não têm se mostrado dispostas a efetivamente reparar uma tragédia que já completou oito anos, tirou a vida de 19 pessoas e deixou profundos danos socioambientais e econômicos para além da região diretamente atingida, impactando o estado mineiro, o Espírito Santo e o país — apenas na calha do rio e região costeira são 2,5 milhões de cidadãos atingidos, em 49 municípios", declarou. Procurada, a Vale, acionista da Samarco, informou que "está comprometida com a repactuação e tem como prioridade as pessoas atingidas, representadas nas negociações por diversas instituições de Justiça, como as defensorias e os ministérios públicos". "Como parte do processo de negociação, a companhia está avaliando as soluções possíveis, especialmente no tocante à definitividade e segurança jurídica, essenciais para a construção de um acordo efetivo", completou. A BHP disse que não vai comentar sobre o caso. A Samarco ainda não responder à demanda. Sobreviventes do rompimento da barragem em Mariana (MG) esperam reparação oito anos após desastre ambiental: